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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

"É JÁ ALI...!" (A 10 KM)


Como é que é, suas Figurinhas ajagunçadas, tá tudo?!

É verdade, já não vos escrevia uma valente descarga rectal em forma de escrita, desde do ano passado! Como não quero que vos falte nada, aqui vai mais uma pérola da escrita dramática-ó-policial de faca e alguidar, a fazer lembrar o argumento de "Música no Coração", que tanto caracteriza este demente Jagunço que vos escreve.

Isto começa aquando da vinda da mais maior grande banda à face da terra a Portugal.

Reparem que, para que os Jagunços não começarem já a torcer o nariz, com cara de quem pensa: "Lá está esta besta a falar daqueles gajos!", nem toquei em nomes, pois caso contrário teria que falar nesses, Deuses do Metal pesado no geral (e da música em geral, em particular), os (todos comigo!): CANNIBAL CORPSE!

Decorria o mês de Outubro de 2006, quando por entre um Like no Facebook e um ou outro clip de Nel Monteiro no Youtube, vou dar a um site de notícias, relacionadas com o universo obscuro do Heavy Metal.

E qual não é o meu espanto quando li uma noticia que dizia:



"CANNIBAL CORPSE em Corroios, 24 de Fevereiro de 2007"







Neste momento esqueci tudo!

- O dia em que nasci;
- O dia em que perdi a virgindade (que tinha sido à coisa de 2H);
- A Taça UEFA e a Champions league que o FCP ganhou;
- O ferro com caldeira, movido a gazóile, oferecido pela minha Avó;
- O equipamento autografado pelo Tó Zarolho, Guarda-Redes do Aljubarrotense, que recebi no Natal de 1998;

Naquele momento, aquela notícia fez de mim o homem mais feliz do mundo!
Sem que desse por isso, a felicidade que me invadia era tão grande, que dei por mim a correr todo nu pelas ruas de Lisboa, gritando a frase: "José Cid, faz-me um filho!"

Escusado será dizer que, a partir daquele dia, nunca mais dormi como deve ser, pois a ideia de ir pela 1ª vez ver aqueles ícones da música POP com influências de bossa-nova, preenchia demasiado o meu doente e mirrado cérebro.

A excitação era tão grande, que mesmo depois de ter violado um casal de Gansos, uma vaca, um cão Serra da Estrela e de ter acasalado com um barril de água-pé, o dia 24 de Fevereiro chegou e eu parecia uma pita doida por ir ver um concerto do Justin Bieber.

O grande dia chegou finalmente e, à hora marcada, eu e os jagunços encontramo-nos na entrada do recinto, indo de seguida a uma mercearia. Uma vez que estava repleto de metaleiros de garganta seca, a única coisa que aquela superfície comercial tinha com álcool para venda era 4 refrescantes e saborosos, pacotes de vinho de mesa da marca "Casal da Eira". Tendo em conta que não havia mais nada, lá comprámos os referidos pacotes de vinho.

Eram tão bons que, ao final do 3º pacote ninguém conseguiu beber mais daquela zurrapa para temperar bifes.

Como eu sou sempre o individuo que tem as ideias mais brilhantes e já que deitar fora, tão delicioso néctar dos Deuses, seria pecado e como não poderíamos entrar com ele para o recinto, sugeri que escondêssemos o último pacote num sitio cá fora, não fosse a sede atacar depois do concerto e não termos nada para beber.

E assim foi! Escondemos o dito, no sítio mais improvável que vos possa passar pela cabeça. Atrás da roda de uma carreta que pertencia a uma agência funerária que existia em frente ao cine teatro de Corroios. Com a pinga devidamente acondicionada, entrámos.

O concerto começa, e como já era de esperar, lavado em lágrimas, começo aos gritos: "Corpsegrinder, pede à tua mulher para me fazer um filho!"

Depois de quase ser espancado pelos seguranças, por ter tentado beijar o Baixista e de ter tentado levar um dos guitarrista para casa, o concerto terminou sem incidentes... quer dizer... umas nódoas negras e tal... mas tudo bem!

Como já era de esperar estava tudo ressequido, ansioso por qualquer coisa para beber... tudo, menos vinho "Casal da Eira".
Mas nem por isso, foi razão para deixarmos o pacote de vinho para trás.
A minha amiga Lurdes, foi buscá-lo e colocou-o delicadamente dentro da sua mala.

Eram quase 01:30 da manhã e o último comboio tinha passado às 00:45. Sem dinheiro e sem transportes, tínhamos um dilema deveras complicado:

A) Ficávamos na estação até às 06:00, hora em que passaria o 1º comboio;

B) Apanhávamos um Táxi até Cacilhas e apanhávamos o último barco para Lisboa. (Opção que ficou automaticamente de lado, uma vez que apenas existia dinheiro para um táxi e nós éramos 8 pessoas);

C) Íamos a pé até Cacilhas e apanhávamos o barco para Lisboa;


Eu, como é óbvio, salientei logo a minha preferência pela opção A, pois andar é palavra que não consta no meu dicionário.
Mas como não poderia deixar de ser, o Jagunço do meu amigo RICARDO (sim, digo o teu nome, para que fiquem todos a saber que o culpado, foste tu!), teve a magnifica ideia de dizer:

"Porque não vamos a pé?!... Num estantinho estamos lá (Cacilhas) e sempre é melhor do que estarmos aqui ao frio!!"

Então aquela ave rara preferia andar do que estar sentado?! Ou é doido ou está a querer treinar para a meia maratona, pensei!
Convicto de que, depois de um violento concerto, ninguém o iria seguir, nem me pronunciei, pensando eu que os restantes se partiriam a rir na sua cara e que ficaríamos porreiramente sentados na amena cavaqueira à espera do comboio.

Pois é Jagungos, nada disso aconteceu!
Aqueles bazarocos, não só concordaram com o azeiteiro que teve a ideia, como me chatearam até que cedesse a ir com eles!
E lá fui eu... Cansado, cheio de sede, sem dinheiro...

No final do 5º KM, perguntámos a um homenzito, que se encontrava dentro de uma viatura, se ainda estaríamos longe do nosso destino.
Ao qual ele respondeu, acompanhado com um sorrisinho maléfico de quem goza piamente com a nossa cara:

"CACILHAS?!!... Porra!
Ainda falta um bom bocado!!!...Vocês vêem de onde?!"

Nós: De Corroios!..

Ele: "Nesse caso, posso dizer-vos que estão a meio do caminho!!...hehehe"

Como a Matemática sempre foi o meu forte, comecei a pensar no resultado de tão complexa conta.

"Andámos 5 km… Se estamos a meio do caminho, quer dizer que faltam ainda mais 5 km...isso significa que... quando lá chegarmos, teremos andado... 10KM!"

"NNNÃÃÃÃÃÃÃÃOOOO!!!!"

Aí comecei a chorar e a gritar pela minha mãe! Pois se continuasse estavam à minha espera mais 5KM, se voltasse para trás, estavam à minha espera, mais 5 km!!!

"Vou morrer!", pensei!

A muito custo, lá continuei... mas com uma von-ta-di-nha de bater no culpado de tão grande caminhada, mas lá continuei, extremamente contrariado!
Foi em braços que cheguei, finalmente, a Cacilhas....

Como já era de esperar, não havia barcos, porque o último tinha saído às 2 da manhã e já eram 5h. Ou seja, mais uma hora de espera até que o primeiro barco partisse, mas pelo menos já me encontrava sentado.
Virei-me para a Lurdes e pedi-lhe o pacote de vinho que ela carinhosamente tinha guardado na sua mala, pois estava mais ressequido que um presunto de fumeiro.

Jagunços, nunca me soube tão bem aquela mistela à base de uvas!!...De seguida, o meu amigo DANIEL (Sim, também digo o teu nome, porque és tão ave rara como o que me fez andar 10 km!), pediu-me para dar um golinho. Passei-lhe o pacote! De facto, ele até deu uma bela golada na vinhaça...O problema foi o que ele fez de seguida, que eu terei todo o prazer de vos contar agora!

Aquele jagunço, sentado à beira rio, começou a olhar para a água e a dizer:

"Olha!... Há peixes no rio!" (que novidade!) "Deixa ver se eles gostam de pinga!"

Lembro-me perfeitamente de lhe ter dito:

""Epá, vê lá se deixas cair isso e ficamos a seco até chegar o 1º barco!"

Ele: "Calma, Está tudo sobre controlo!"

Por certo, já adivinharam o que se passou de seguida, certo?
Aquele gajo, não só deita vinho para a água para embebedar os peixes, como também deixa cair o pacote à água!

Naquela altura, mesmo estafado, tiveram que me agarrar para que não o empurrasse para o rio.

Quando chegámos a Lisboa, a primeira coisa que fiz depois de sair do barco foi correr na direcção do primeiro tasco que estivesse aberto, pois a sede era tanta que, se caísse num riacho de água doce, passados 15 minutos este ficaria seco!
Os restantes jagunços foram dar comigo num quiosque da "Mr. Chips", que existe no Cais do Sodré, a rebentar com o stock de imperiais ao Xôr Vítor, o dono do quiosque.





Prognóstico de final de jogo do Jagunço do Contra:


 

Apesar de toda a sede que passei e de ter chegado a Cacilhas com menos 22 cm de altura, pois as minhas pernas ficaram gastas de tanto andar, aquele dia ficará guardado na minha memória para sempre.
Obrigado aos meus Jagunços, por serem a cambada de malucos que são, pois sem eles era impossível acontecer tanta Bosteirada num só dia...


O único ponto realmente negativo, que faço questão de salientar, é que, e uma vez que têm dois, os Cannibal Corpse bem que podiam ter-me deixado trazer um dos guitarristas para casa.
Tenho a certeza que ficaria lindamente em cima do móvel da entrada, ao lado do telefone fixo... (Chulos!)

DIZ QUE NÃO!!!.......

O Jagunço do Contra

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